O levantamento preliminar do desempenho da hotelaria brasileira no 4º trimestre de 2009 traz indícios de que a crise econômica terminou para a hotelaria nacional.
A base de comparação desta prévia do Panorama refere-se a dois períodos (4º trim. de 2009 / 4º trim. de 2008) bastante contrastantes na economia brasileira. Nos últimos três meses de 2008 – início da crise – houve intensa desaceleração econômica, as perspectivas de retomada de crescimento eram incertas e o Real sofreu forte desvalorização – o dólar fechou dezembro cotado, em média, a R$ 2,39, enquanto em agosto, pré-crise, era R$ 1,61. Já no trimestre passado, o dólar estava novamente no patamar de R$ 1,70 e a economia apresentava sinais claros de recuperação, com perspectiva de crescimento do PIB para 2010 em até 6,5%. A mudança de cenário foi radical, em especial no que se refere ao câmbio e ao volume de negócios no país, ambos com efeitos diretos na demanda por hospedagem em território nacional.
* Amostra analisada: RJ (2.363 UHs), SP (8.175 UHs) e SSA (4.213 UHs). Variação de diária e RevPAR sobre valores nominais.
Na média geral das cidades analisadas, todos os indicadores de desempenho tiveram melhorias, inclusive a taxa de ocupação, que voltou a crescer nos últimos três meses (+0,9%), após três trimestres de retração (de janeiro a setembro de 2009, a ocupação dos hotéis analisados apresentou queda acumulada de 5,6 pp, em comparação com o mesmo período de 2008). A recuperação da demanda é clara, acompanhada de aumentos na diária, indicando que os efeitos da crise econômica já não devem mais impactar de forma relevante a hotelaria no país.
Os hoteleiros do Rio de Janeiro encerram o ano bastante otimistas. No último trimestre, a cidade foi a que apresentou maior crescimento de demanda, puxada em especial pelo mês de dezembro (+15,9%). Tanto o segmento corporativo como o de lazer estão bastante aquecidos. Apesar da demanda aquecida, a diria média se retraiu devido a tarifas negociadas com clientes ao longo do ano (durante a crise) e à desvalorização do dólar, que afeta hotéis com grande demanda internacional.
Em São Paulo, a demanda voltou a crescer no último trimestre, o que, junto ao aumento de diária, resultou no maior incremento de RevPAR (receita por apartamento) dos mercados analisados pela HVS (+7,3%). Esse excelente desempenho deve-se à estratégia dos hoteleiros em manter o aumento de diária ao longo de 2009 – uma clara aposta na rápida recuperação do mercado, que se consolida neste 4º trimestre com a elevação de 0,9% na ocupação.
Já em Salvador, as variações negativas de desempenho são explicadas principalmente pelo cancelamento de alguns eventos e pelo fato do último trimestre de 2008 ter sido beneficiado pela desvalorização do Real. Naquele ambiente de fortes incertezas e de encarecimento de viagens ao exterior, muitos brasileiros acabaram substituindo o turismo em destinos internacionais pelo mercado doméstico. Em 2009, quando o dólar voltou ao patamar de R$ 1,70, e as expectativas para economia brasileira já eram positivas, o efeito de substituição de viagens foi inverso.
A hotelaria brasileira fecha 2009 com indícios de crescimento expressivo em 2010, especialmente em São Paulo e no Rio de Janeiro, as principais economias do país. A retomada de confiança do empresariado na economia brasileira e a sinalização de vultosos investimentos públicos e privados são as principais razões para melhoria do desempenho dos hotéis no Brasil. Para conhecer essa e outras tendências do mercado nacional de hotéis, aguarde a 2ª edição anual do Panorama da Hotelaria Brasileira, a ser publicado em fevereiro pela HVS.
Para mais informações, contate nossos consultores por meio do telefone (11) 3093-2743 ou pelo site http://pt.hvs.com, no qual está disponível a edição completa do Panorama da Hotelaria Brasileira 2008/2009.
Bom dia, Estive visitando o site da HVS e vi que na última linha no artigo "Panorama da Hotelaria Brasileira: prévia do 4º trimestre de 2009" diz: "Para mais informações, contate nossos consultores por meio do telefone (11) 3093-2743 ou pelo site http://pt.hvs.com, no qual está disponível a edição completa do Panorama da Hotelaria Brasileira 2008/2009." Pois bem, procurei edição completa e não encontrei. Será que alguém poderia me encaminhá-la por favor, ou indicar o local para download. Fico no aguardo e agradeço desde já, muito obrigado. Atenciosamente, André Funari
Caro André, Seguem abaixo os links para as duas edições completas do Panorama da Hotelaria Brasileira: http://pt.hvs.com/jump/?f=2823.pdf&c=3815 http://pt.hvs.com/article/3815/panorama-da-hotelaria-brasileira-2008-2009/
No Rio de Janeiro foi identificada uma queda na diária média de 3% entretanto a ocupação aumentou em 7,1% é possível identificar quando desse crescimento na ocupação foi causado pela redução na diária média? No caso de Salvador é possível identificar se a redução da diária média foi consequência da queda na ocupação? O fato de São Paulo ter um turismo de negócios mais forte que Rio e Salvador foi relevante para justificar um melhor desempenho de São Paulo?
Obrigado pelos comentários, Augusto. Antes de responder a cada pergunta, lembro que estamos comparando o quarto trimestre de 2008 (que foi o momento de início da crise econômica internacional) e de 2009 (quando o Brasil retomou o crescimento econômico, após dois trimestres de retração). No caso do Rio, a elevação da demanda esteve mais relacionada à uma recuperação da economia que a uma redução da diária (que foi relativamente pequena). As variações das diárias, por sua vez, estiveram parcialmente relacionadas ao câmbio. Como parte das diárias são negociadas com antecedência em dólares, as variações no câmbio influenciam os valores das diárias em reais. Embora essas variações não não impliquem em mudança de preço para o visitante estrangeiro (no curto prazo), afetam o valor das diárias médias em reais. No mercado de Salvador, a diária média foi parcialmente afetada pelo câmbio, mas foi também afetada pela queda de ocupação ao longo do ano, sim. Sua colocação a respeito de São Paulo tem fundamento. Além disso, o mercado paulista sofreu muitos anos com diárias baixas e conhece bem os efeitos negativos de guerras de tarifas. Assim, as operadoras adotaram uma política de não negociar preços durante a crise, por acreditar que a retomada da economia viria rapidamente. Os números mostram que a estratégia deu certo. Atenciosamente, Equipe da HVS Brasil